sexta-feira, 16 de abril de 2010

Divina Comédia





De longe eu o observava
Via em sua postura curvada, sentado sobre uma balde emborcado
O semblante de uma rapaz cansado, mas
Ele amparava em suas mãos um clássico da literatura
A Divina Comédia do Dante Alighieri.
Lia-o como quem devora um bom prato de comida após dias em fome.
A sensação de vê-lo lendo, além de inesperada, fora inebriante.
Senti múltiplas vontades, mas...
Ele merece mais que um dia após o outro para se satisfazer.
Ele merece mais que o raiar do sol para um bom dia de trabalho.
Ele deliciava-se no prazer da irresponsável leitura.
Ele tinha nas mãos as marcas de uma manhã de esforços.
Ele tinha na mente a ventura de uma incansável viagem pelo desconhecido.
Ele tinha fome e sede da incansável busca do infinito.
Ele lia-o, ele apreciava-o; ele era como eu...
Ele foi a imagem do meu dia.

(I.A.M² - 16/04/2010)