segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Eu juro





Hoje eu juro que vou te ligar.
Mas não como nos dias de outrora
Que era só uma saudade
Gritando de dentro pra fora.


Hoje eu juro que vou te ligar.
Mas só pra dizer-te até logo
Para que n'outro dia, quem sabe,
Eu te peça uns dez minutos de colo.


Hoje eu juro que vou te ligar,
E ao telefone vou dizer-te baixinho:
Não me espere acordada, benzinho.



(I.A.M² - 25/01/2010)

Quase indistintos



Hoje eu vi homens assumirem a total
Compreensão acerca do universo feminino,
Vi homens carentes de atenção
E homens que nomeavam suas fraquezas.
Havia uns, também, que não conheciam o perdão;
Outros que apontavam os seus medos
E uns cinco ou seis que discutiam religião.
Hoje eu testemunhei homens mendigando amor.
Vi homens deixando os livros de lado
Para ganhar com os punhos uma verdade ainda não dita.
Vi homens enganando mulheres,
Homens pregando um falso amor,
Vi homens sangrando hipocrisia,
Vi homens chorando de tanta dor.
Certo estou de que homens eu não consegui ver,
Mas vislumbrei meninos que um dia hão de crescer.

(I.A.M² - 22/01/2010)

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Ei pai...




Ei pai, você me carregou nos braços?
Você me ouviu aprendendo a falar?
Você me viu dando os primeiros passos?
Ei pai, e quando eu caí você também estava lá?

Ei pai, você escolheu o meu nome?
Você me viu nascer?
Você me viu pintando o sete?
Você já viu um pai como você?

Ei pai, você ouviu o rádio tocar?
Você  ouviu o sino bater?
Você ouviu a mãe te chamar?
Ei pai, você ainda é você?

Ei pai, você sentiu a queda de ontem?
Você sentiu o chão tremer?
Você sentiu a brisa do monte?
Ei pai, você ainda se sente você?

Ei pai, você não me viu competindo?
Você não me viu crescer?
Ei pai, eu ainda te vejo mentindo.
Ei cara, eu te vejo como você não se vê.

(I.A.M² - 18/01/2010)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Carta a um velho amigo






Velho amigo há tanto que não te escrevo!
Escrevo-te, hoje, para tentar matar a saudade do lado de cá. Caramba velho amigo, hoje eu me dei conta do quanto que eu mudei. Venho me lembrando constantemente daqueles tempos em que você “ouvia” os meus precoces lamentos e que por muitas vezes você mesmo me enveredava por caminhos complexos, que a minha imaturidade fazia questão de descartar, e incrivelmente me fazia achar as respostas aos meus pequenos problemas. Alem de você, conquistei outros excelentes amigos que eu tenho a certeza que posso contar com eles para o restante dos meus dias aqui na terra. Velho amigo, a vida aqui está muito boa, conheci pessoas, bares e livros formidáveis; lembra que eu os odiava?! Pois é... Mudei nisso também. Tornei-me, inexplicavelmente, um romântico incurável. Muito embora eu tenha me tornado, também, um pouco seco, áspero ou cético em relação àquelas coisas da vida que eu tanto te contava. Sinto que fiquei mais duro na queda, sabe?! Hoje eu estive entre amigos e familiares e voltei pra casa na companhia de uma amiga incomparável; conversávamos sobre aqueles velhos problemas em relação àquela velha pessoa que teima em insistir em um passado que não existe mais. Velho amigo, tinha que te escrever sobre o novo que me aconteceu, conheci novos horizontes acadêmicos... E estudo, agora, na área de exatas, não obstante eu venha assumindo certa inclinação para a área de humanas; coisa que você já sabia há muito tempo, não é?! Sabe aquele hábito esquisito que eu tinha de sempre te perguntar quem estava mentindo pra mim? Pois bem... Ele, junto aos livros e ao tipo de vida que venho tendo, suscitou um novo hábito: agora eu gosto de ler pessoas, mas ainda estou me alfabetizando nesta área... Pessoas dão um excelente objeto de estudo e uma grande dor de cabeça; principalmente as que sonham. Velho amigo, enquanto te escrevo esta carta vou me lembrando de todos os momentos difíceis pelos quais eu tive que passar e que ao voltar a te ver, era você quem amparava as minhas lágrimas com sabedoria e compreensão, mas não se preocupe o tempo me ensinou a chorar de diferentes maneiras para que eu não aflija tanto o meu peito, mas para que eu trabalhe ainda mais a minha mente. Venhos sentindo saudades daquele tempo que só de pensar em te “falar” sobre minhas dúvidas elas eram esclarecidas. Velho amigo, saudades. Vê se me escreves logo...


Do teu amigo de ontem e sempre, Israel Agnes.


(I.A.M² - 17/01/2010)

sábado, 16 de janeiro de 2010




"A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixa cativar..."
(Antoine de Saint-Exupéry - O equeno príncipe)

Entrelinhas

"Não me fale dos teus vícios.
Não me conte os teus segredos.
Deixa que eu te desvendo
Com as pontas dos meus dedos."
(I.A.M² - 12/01/2010) 




Não me fale dos teus vícios
Pois eles não dizem nada.
Me fala dos teus sacrificios
Me fala na cara lavada.


Não me conte os teus segredos
Que eles somente são teus.
Me conta sobre os teus medos
Que eu os afugento com os meus.


Deixa que eu te desvendo
Como um lindo quebra-cabeça
Para que eu te complete logo
Um logo perto. Antes que eu enlouqueça.


Com as pontas dos meus dedos
Me deixa arrancar o teu pudor
Que de dentro do teu corpo
Grita à liberdade: Amor!

(I.A.M² - 13/01/2010)

Atrevimento




Quem algum dia
Já se atreveu
A despertar em alguém
Um sentimento. (?)
Que me diga, então,
Qual o segredo
Para tal
Atrevimento. 

(I.A.M² - 29/12/2009)

Janela aberta




Joguei minhas obras pela janela
Para nunca mais voltar a vê-las,
Mas o vento camarada sempre as trás de volta
Nem que seja, somente, o doce perfume
Daquela carta já esquecida.
Joguei minhas obras pela janela
Para nunca mais voltar a lê-las,
Mas o tempo camarada sempre me faz lembrar das letras dispersas
Onde, uma dia, eu assumi ser merecedor de amor algum.
Joguei minhas obras pela janela
Para nunca mais pensar em escrever,
Mas a vida, essa sim, nada camarada
Continua com as suas peculiaridades...

(I.A.M² - 12/01/2010)

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Ontem






Ontem eu acordei
E me levantei para escrever.
A priori, não consegui.
A mente estava ocupada;
Pensando naquela Flor que pelo sol foi queimada.
Me indaguei sobre o meu queira-não-queira
E acendi o último cigarro da carteira.
Depois me perguntei, sem saber por que,
Se o que eu vejo é o que todo mundo vê.
O cigarro acabou,
Não obtive respostas
E o meu sono voltou.
É tão difícil dizer adeus para o ontem...

(I.A.M² - 09/01/2010)

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Flagra


Flagrei meus olhos te namorando às escondidas.
Eles estavam dispersos, perdidos...
E encontraram em ti
Um recôndito de carinho e conforto.
Flagrei meus olhos te despindo
Em algum lugar na minha mente.
Era um manifesto inconsciente
Da minha luxúria em corpo presente
Me contando uma outra parte
Da minha minha estória e um corpo alvinitente.
Flagrei meus olhos te comendo.
Alimentavam-se de carícias, gestos e longos flertes.
Não os culpo, meus olhos, por agirem assim
Tão diferente.
Culpo, sim, a ti por estar em mim
Sempre tão presente.


(I.A.M² - 05/01/2010)